sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

E lá vem o Carnaval (I)

* Por: Altair Santos (Tatá)

“a folia na pulsante, palpitante e cada vez mais miscigenada cidade porto, este ancoradouro onde atracam pierrots, colombinas e arlequins de etnias e tribos mil.”

Entre luzes e cantatas o refrão da hora é. A cidade exibe belos exemplares decorativos com a temática natalina. Que bom a cidade assim, pulsando na exata medida da auto-estima, do querer manifesto por parte das pessoas. Os brilhos do natal e o anúncio do novo ano escancaram os ziriguiduns e paticumbuns do próximo fevereiro. Já trepida n´alma e coração da pátria de Zé Pereira, uma batida cadenciada organizando aquele tradicional goela abaixo de peru, champagne e outras delícias dezembrinas. São os ventos de carnaval nos soprando os ouvidos. A essa altura do ano, nossos corpos já sedentos e naquela de me leva que eu vou, cedem ao apelo e, de pronto, somos marchas e frevos, sambas e requebros. É a mãe gentil fazendo ecoar, em nós, o seu nobre refrão ô abre alas que eu quero passar. Porto Velho já respira a atmosfera de um movimentado e efervescente carnaval, para o qual estima-se um considerável acréscimo no quesito demografia foliã. Certamente parte da grande mão-de-obra vinda de outros estados, para somar nas obras e outros empreendimentos em curso na capital e seu em torno, aproveitará as horas de folga ou o silêncio das máquinas para, brasileiramente, com tudo que tem direito, se esparramar no paraíso do confete e da serpentina. A se seguir o latim, fevereiro - o mês das purificações - por aqui será de intensa movimentação entre adeptos dionisianos, profetas e outros arautos, cada qual ao seu modo, fé e querer. O mosaico cotidiano da capital, no presente ciclo da energia, exibirá as faces da pluralidade étnica assim como fora no auge das jazidas submersas do Madeira e, também, como fora - e ainda é - na famigerada ceifa florestal vigente. Nós, os karipunas da resistência, viúvas de Waldemar Cachorro e Bola Sete, os órfãos de Leônidas Carol O´Chester e Babá, haveremos, como sempre, de redesenhar ao som marchas irreverentes e gingados de passistas valentes, os contornos do velho carnaval novo. Do passo marcado e previsível do Armando Holanda (periquito) com o inesquecível bloco Triângulo Não Morreu ao gigantismo imensurável da Banda do Vai Quem Quer, a cidade vê-se ás voltas entre a tradição e a explosiva participação. O carnaval já ri na cara da cidade, antes mesmo de rompermos as agendas e os tintins natalinos. Ao folião e foliã, cumpre recarregar as energias e pautar: baile municipal, ensaios e desfiles dos blocos escolas de samba, além de alguns eventos de clubes (os bailes de salão) que mexem com o interesse dos brincantes. Há se estimar pelo grande quantitativo humano pulando e se divertindo, ou mesmo que pouco se envolve diretamente, o carnaval altera o metabolismo urbano da cidade, gerando divisas, aquecendo o turismo cultural, exalando cultura popular pra todo lado, se dizendo grandioso e em crescimento na miscigenada cidade porto que no mesmo diapasão, cresce e se desenvolve.

(*) O autor é músico e Presidente da Fundação Cultural Iaripuna

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